segunda-feira, 31 de julho de 2023

BAIRRO MORRO DA MINA - PARTE 2

  Em postagens anteriores de dezembro de 2017,falei sobre a mineração do Morro da Mina (partes 1 e 2) e também falei sobre o Bairro Morro da Mina . Quem não viu pode lá conferir nos arquivos do blog de dezembro de 2017.

  Hoje na segunda parte vou recordar sobre esse antigo bairro de Conselheiro Lafaiete. Numa postagem do jornal Panorama,o historiador Antônio Luiz Perdigão (1918-2010) falou sobre o bairro numa postagem de março de 1979.


 Região do Morro da Mina,por volta de 1938

foto:Acervo do Jornal Panorama

 

Assim Antônio Perdigão escreveu no Jornal Panorama edição de março de 1979 sobre o Bairro Morro da Mina:

   " A razão do nascimento e desenvolvimento deste bairro é a mina de manganês, de forma que tudo girou em torno da exploração, desde pessoas, negócios e moradias.

Morro da Mina era o nome dado à colina que se localiza ao norte de Lafaiete, onde se pesquisava o ouro. Inicialmente como grande produtor de manganês, ainda assim esse minério era considerado de baixa porcentagem. Com o passar do tempo Morro da Mina passou a ser um dos maiores produtores no mundo.

Antigamente a propriedade nada valia, e foi vendida por Francisco Antunes Siqueira a Artur Fornazini em 1896, e, somente em 1901 foi iniciada a exploração. No final deste mesmo ano a propriedade foi passada para o grupo G. E. G. Fontes & Cia, já que a exploração exigia maiores recursos financeiros para sua execução. Os primeiros engenheiros a prestarem orientação técnica foram Lopes Ribeiro e Joaquim Almeida Lustosa, este último continuou até 1921, ano em que a empresa foi formalizada com o nome de Companhia Morro da Mina.

Durante a guerra na Europa, de 1914 a 1918, a mina exportou grande quantidade de minério, gerando sua prosperidade. Em 1920, a United Steel Corporation teve interesse pela mina e a Companhia Meridional, sendo sua subsidiária, tornou-se compradora da mina.

Quando o Barão de Queluz trouxe água potável para a cidade, em 1880, os mananciais estavam no Morro da Mina e por canalização eram trazidos até o Largo da Matriz, onde ficava o grande Chafariz.

Em 27/10/1906 foi celebrado um contrato assinado entre a Câmara Municipal e a Companhia Meridional, sendo que esta última faria o abastecimento com águas oriundas do manancial da Mostarda. A Companhia Meridional construiu uma grande caixa d’água para abastecer a população.

De início, o armazém do Sr. Castanheira era o único que abastecia a população com gêneros diversos, este armazém, mais tarde foi repassado à Firmino Augusto Lana. Já o primeiro açougue pertencia à José Bernardino.

A Escola Meridional foi uma das primeiras escolas a funcionar na cidade, ela foi fundada 08/08/1915, e foi organizada e mantida pela Companhia Meridional. O primeiro diretor foi o profº José Augusto de Almeida, em seguida ocupou a diretoria Lúcia Maria Bandeira Furtado de Mendonça, mais a frente, D. Geny Paes Sanna, e atualmente ocupa a diretoria a senhora Sarah Sanna Sanella. A Companhia inaugurou um novo prédio para a escola, a qual foi colocada no centro de belo e vasto jardim, com seção de mineralogia, quadros e peças diversas.

O bairro, sempre socializado, abrigava pessoas alegres e promovia festas culturais e esportivas. Nas festas religiosas e também em outras, havia apresentação do coral regido pelo mestre Abílio Dias, este coral se originou da Banda União Musical de São José (1918) que era regida pelo profº José Augusto de Almeida. O salão social do bairro serviu para animados bailes, festas e peças teatrais, mais a frente este local passou a servir como espaço para aulas de catecismo, dadas pela saudosa D. Ziroca.  A maioria dos habitantes do bairro era de formação católica. Havia antigamente uma capela de madeira, cujo padroeiro era São José, esta capela era desmontável e devido ao pouco espaço que nela havia, o Santíssimo era guardado em uma casa do lado. Hoje, a capela que existe é de alvenaria e está subordinada à paróquia do Sagrado Coração de Jesus, sob a orientação do Monsenhor Hermenegildo Adami de Carvalho.

Os carnavais do Morro da Mina eram os mais animados, e, nos bailes havia a participação da orquestra local. No centro da cidade o povo esperava o “cordão do Morro da Mina”, que os animava na praça Tiradentes. Os animadores do cordão e do carnaval foram Chico Cardoso, Antônio de Almeida e Antônio dos Santos. Outra atração carnavalesca era o Bumba-meu-boi, sob a direção do Sr. João Paulino e a seguir do Sr. João de Deus.

O bairro destacou-se também nos esportes. O Meridional Esporte Clube foi fundado em 07/09/1922 e atuava num campo deste bairro, já na década de 30 passou a atuar à Rua Barão de Suassuí, no antigo campo do Queluziano. Atualmente neste bairro encontra-se o melhor campo de futebol da cidade, com gramado e iluminação, pertencendo ao Mineiro Esporte Clube.

Pessoas de todas as ruas e bairros são lembrados pelos serviços prestados, dos quais estão os benfeitores Chico Cardoso, Domingos Ramos, Paulino Ricieri, D. Virgínia Rodrigues dos Santos, José Rosa de Lima e seu irmão Nestor, além destes, os antigos operários Antônio Felipe Ferreira, e ainda, Serafim Sanna, que durante anos fez parte da diretoria da Companhia. Desde que entrou, em 1915, ajudou a fundar a escola, também incentivou a banda de música, apoiou o carnaval, o esporte e a igreja, e ainda criou a biblioteca da escola, que tem seu nome como patrono.

Uma das características apresentadas pelo bairro é a nomenclatura das ruas, que em vez de nome, possuem números para identifica-las. Hoje já não existem as construções antigas, e, novas casas, comércio, farmácias formam o bairro, que é ligado ao centro por ruas asfaltadas."

 Fonte: Jornal Panorama, Ano II, nº 66- Março de 1979

 http://bibliotecalafaiete.blogspot.com/p/ruas-pracas-e-avenidas-da-cidade.html

MORRO DA MINA APÓS 1979

  A capela de São José do bairro foi reformada em 1995,e agora também ela vai passar por outra reforma.

  A Antiga Escola Meridional foi desativada. E a nova escola Municipal Meridional foi construída na parte alta do bairro Morro da Mina e entregue pela Empresa Vale . E sendo inaugurada em 25 de julho de 2023. 

 A Mineração do Morro da Mina,  desde dezembro de 1999 está sob o comando a empresa Vale.

Mineração morro da mina  nos tempos atuais          foto:Imagens da internet

Veja também:

postagem Cruz da beata (março de 2017) ,Mineração em Queluz (partes 1,2 e 3 - postagem de julho de 2018) e Orville Derby em Queluz (julho de 2021) .

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