quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

VERSÕES SOBRE OS CARIJÓS

VERSÕES SOBRE OS CARIJÓS

 Hoje vou lembrar sobre o topônimo Carijós. Nome da atual Conselheiro Lafaiete,e vou falar a versão de alguns historiadores e pesquisadores



Monumento a Índia Carijó em Conselheiro Lafaiete
          foto:Imagens da internet (foto anterior a 2013)

 Topônimo (versões sobre o nome)

 Carijós vem do Tupy-guarani "Caraí-yoc",cara pálida,pele clara,nome dado a alguns descendentes ocasionais de acasalamento de índias com europeus. E era visto como o melhor gentio da costa porque foram receptivos à catequese do Catolicismo. ¹

Hoje em dia a palavra "Carijós" é definida para referir a galinhas malhadas nas cores preto e branco.. E também a palavra Carioca teria originado do Carijó,que é a junção da palavra tupi Kariîo (carijó) com a palavra tupi oka (casa),significa "Casa dos Carijós" que moravam em oca. ¹

  fonte: ¹ Folheto da Escola Municipal "Dr.Rui Pena" CAIC - 2012.

 Carijós de acordo com José Damasceno Pinto

 Segundo José Damasceno Pinto,no seu livro "Subsídios para a História da Ex-Queluz de Minas" ele diz na página 19,que o topônimo Carijós pode ter origem diferente. Decorra,talvez,de um espécime vegetal conhecido por Araribá-Amarela ,que alguns léxicos também chamam de "Centrolobum Robustum" e pertencente à família das leguminosas papilionáceas e encontrada nas matas do litoral do País como nas Minas Gerais. E Damasceno conclui que é possível que a madeira "carijós" fosse comum nas paragens queluzianas o que explica a permanência do nome.  E na opinião de Damasceno a madeira carijó foi usada no altar da Matriz da cidade.
 O escritor não acreditava na presença dos Carijós na cidade e até chamava de lenda tudo isso.Mas ele estava certo ao dizer que a atual Matriz de Nossa Senhora da Conceição não teria sido construída pelos índios,e isso é fato,porque começou após 1732.


 Carijós de acordo com Avelina Noronha

 No livro "Garimpando no Arquivo Jair Noronha" escrito por Avelina Maria Noronha de Almeida,dedicou alguns textos sobre os Carijós,entre as páginas 47 e 64.  E na página 50 do livro mostra um Dicionário Português de 1721 que cita o gentio Carijós,e diz assim:

" Carijôs Gentio do Brasil,ao longo do mar,pelo espaço de algumas quarenta legoas,do porto de Dom Rodrigo até Berbetibla,em terras baixas,e campinas de area. Não tem principal,cabeça que os governe..."

De acordo com Pe. Simão de Vasconcelos,os Carijós andavam carregados de muitas contas,pendentes muito compridos nas orelhas;nas pontas dellas humas meyas luas de pratas,ou de latão,do tamanho de huma pacata;as mesmas trazem nas testas.

Segundo Avelina Noronha,diz que Pe. Simão em 1668,informou que os Carijós acreditavam na imortalidade da alma e na outra vida e que,após a morte aqueles que o merecessem se "ajuntam a ter seu paraíso em certos vales,que eles chamam Campo Alegre (quais outros Elísios ) e que ali fazem grandes banquetes,cantos e danças. " Campos Elísio seria o paraíso pré-helênico,lugar envolvido por uma perpétua luz rosa,cheio de árvores e ventos suaves,onde os bons,após a morte,viviam em paz e perfeita felicidade.

 Campo Alegre dos Carijós

 Esse foi o primeiro nome da atual Conselheiro Lafaiete,e o arraial com esse nome já existia por volta de 1683,não sabemos desde quando tinha esse nome. Mas de acordo com o que falou Avelina faz sentido o nome Campo Alegre ter vindo da crenças dos Carijós,que quando chegou a nossa cidade se encantou pela beleza de matas,do Rio Bananeiras,entre outros.
  Uma notícia de 1683 falava num arraial de garimpeiros e índios os,que referia a nossa cidade.
 E segundo escritos inéditos de Pe. José Duarte,diziam que Carijós era o maior reduto de índios em Minas Gerais (isso por volta de 1674).

 De onde Vieram os Carijós ?

 Versões mais antigas diziam que os índios Carijós vieram do litoral da baixada Fluminense (estado do Rio de Janeiro) e subiram a Serra da mantiqueira,isso no Século XVII.
 Segundo Lúcio Costa,os Carijós pertencentes ao grupo Linguístico Tupi-Guarani,fugindo às hostilidades das tribos e do homem branco,transpôs as serras do mar,e subiram a Mantiqueira. Eram originários do norte do País,da Amazônia.
 Mas os Carijós na época do descobrimento do Brasil (antes de 1500) já habitavam o litoral Sul do Brasil,Vivam na região da Lagoa dos Patos no estado do Rio Grande do Sul em direção ao estado de Santa Catarina,e até em algumas cidades do estado de  São Paulo (como Cotia) e entre outras.
  Em Minas Gerais,Conselheiro Lafaiete foi a que teve mais habitantes dessa tribo,e estimam se que existiam cerca de 18.000 deles espalhados pela cidade em direção a Congonhas,segundo Lúcio.

 Definição dos Índios Carijós

 Segundo o historiador Lúcio Costa diz: "Os Carijós eram dóceis,inteligentes e amigos dos Cristãos".  E também dizia que as mulheres eram as mais belas da gentilidade.
 Segundo o Antropólogo Pe. José Vicente César (1927-1995) Esses Aborígenes já devem ter vindo catequizados,chegando ao fato de "Os Carijós" desde o início aceitaram o contato com os Europeus,assimilando o Cristianismo com muito entusiasmo e bons resultados de mútua integridade cultural.
 
Minha Opinião

 Eu acredito que os índios Carijós viveram em nosso território,mas acredito que eram espalhados,e sem duvida foram os primeiros habitantes. E pode até ser que os índios Carijós teria ajudado a construir a primeira capela de pau à pique (de acordo com Quincas de Almeida,que dizia que ela era por volta de 1690).
 Na praça Tiradentes em Lafaiete ao centro dela tem um monumento em homenagem aos Índios Carijós,que chegou a nossa terra fugindo da opressão do homem,que queria escravizar os indígenas.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

MATRIZ DE CARIJÓS SEGUNDO CON. TRINDADE

MATRIZ DE CARIJÓS SEGUNDO CON. TRINDADE


 No livro Instituições de Igrejas do Bispado de Mariana,escrito pelo Cônego Raimundo Trindade (1883-1962),lançado em 1945 (Ministério de Educação e Saúde - Rio de Janeiro).
 Cita algumas passagens com nome Carijós,atual cidade de Conselheiro Lafaiete.

                         
                         Matriz em 1881
                         foto:Museu e Arquivo Antônio Perdigão

 Página 81 diz:

 "99- Carijós "Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Campo Alegre dos Carijós. Num antigo relatório paroquial se diz que está paróquia foi instituída canonicamente em 1709. O alvará de 16 de janeiro de 1752 elevou-a à categoria de Colativa. 
Vigários Colados:Simão Caetano de Morais Barreto,que desistiu do canonicato na Sé de Mariana e foi apresentado por C.R de 3 de fevereiro de 1752,colando se no mesmo ano a 28 de agosto ; Antônio José de Abreu,por C.R de 11 de dezembro de 1781,colado a 2 de agosto de 1782; Fortunato Gomes Carneiro,apresentado por C.R de ? de setembro de 1788,colado a 30 de novembro de 1789 ; Cândido Tadeu Pereira Brandão,apresentado por C.I de 21 de junho de 1824,colado no mesmo ano de 17 de agosto; Domiciano Teixeira Campos,apresentado ṕor C.I de 18 de janeiro de 1853,colado a 2 de março do mesmo ano; José Vieira de Souza Barros,apresentado por C.I de 28 de novembro de 1866,colado a 19 de março de 1867,transferido para Carangola em 1871."

Página 82 diz:

  "Carijós foi elevada a Vila com o nome de Vila Real de Queluz a 19 de setembro de 1790. Hoje,Conselheiro Lafaiete.
 Do provimento de visita de Dom Frei José em 1824,população - 6190 almas;capelas curadas - Dores - Glória ,cujo templo he famoso com três altares de talha dourada ; Santana ,Santo Amaro e São Caetano,que está interditada.
 Clero - O vigário Cândido Tadeu e o Padre Manuel de Souza Lima,Capelão de Santana ( do Morro do Chapéu). "

Página 100  diz :    138 - Conselheiro Lafaiete   vide Carijós
Página 244  diz :    410 - Queluz                         vide  Carijós

página  350  diz :

7 - Ouro Branco - Capela da Passagem   1500 habitantes  "

 (atualmente é a Passagem de Gagé,com título de Nossa Senhora da Conceição do Século XVIII,hoje pertence a Lafaiete,na época era Ouro Branco)

página 355 diz:

" 2 - N.S. da Conceição de Queluz  ereta em 1709;filiais: Carmo,Santo Antônio,Sant' ana ,Senhora da Glória e Santo Amaro.  "

(Carmo (dentro da cidade e não existe mais),Santo Antônio (dentro da cidade),e as outras hoje são matrizes de outras cidades)

página 128 diz:

266  Lafaiete - Capela filial,urbana,de Queluz,elevada a curato por provisão de 27 de outubro de 1921 e a freguesia (paróquia)  por decreto episcopal de 15 de abril de 1941.  (referente a Igreja de São Sebastião do bairro de mesmo nome em Conselheiro Lafaiete,que na época chamava bairro Lafayette).


NOTAS.

Colativa- Que pode possuir bens e investiduras e vigários (párocos) fixos.
C.R  Carta Régia
C.I  Carta Imperial
Curato ( capela Curada)  Quase Paróquia ou tinha grande números de fiéis.

Muitas das informações que o Cônego Trindade falou foram retirados do Antigo Relatório Paroquial escrito pelo Vigário antigo da Matriz Padre Cândido Tadeu Pereira Brandão num relatório assinado por Cândido em 26 de setembro de 1829.
 E repito o que disse em artigos anteriores,a provisão que criou a Paróquia em 1709 é um documento que ainda não foi encontrado por nenhum historiador,e não sei se existe esperança de encontra-ló. Já a provisão da atual matriz,é de 17 de outubro de 1731 e o documento foi encontrado pelo saudoso historiador Alex Milagre (1971-2009) na Cúria do Rio de Janeiro.