sexta-feira, 19 de maio de 2017

BRAVURA CÍVICA - QUELUZ DE MINAS NA REVOLUÇÃO LIBERAL DE 1842


 O Saudoso Monsenhor José Sebastião Moreira (1905-1985),antigo pároco da Matriz Nossa Senhora da Conceição de Conselheiro Lafaiete escreveu o livro "Fatos e Vultos",edição de 1982,editado por Esdeva Empresa Gráfica Ltda de Juiz de Fora,e contém 86 páginas.
 E nas páginas 85 e 86,o Monsenhor escreveu assim:

BRAVURA CÍVICA - QUELUZ DE MINAS NA REVOLUÇÃO LIBERAL DE 1842

 "A Matriz de Nossa Senhora da Conceição,de Conselheiro Lafaiete,teve sua origem no século XVII entre as primeiras povoações de Minas Gerais e a quinta paróquia dedicada à imaculada Conceição. A primeira bandeira,vinda de São Paulo,em 1674,foi a de Fernão Dias. Malogrado e falecido,sucedeu-lhe,no comando,o seu genro Cap. Manoel de Borba Gato,a quem foi doada uma sesmaria de cinco léguas em quadra,no reduto,aqui,dos índios Tupis e Carijós,onde foi construída uma primitiva capela,à margem esquerda da Estrada Real,que ia do Rio de Janeiro para Ouro Preto,pela rua Palmeiras,hoje Barão de Suaçuí ². Essa capela foi elevada à categoria de paróquia,em 1709,por Dom Frei Francisco de São Jerônimo,Bispo do Rio de Janeiro,onde se realizaram os atos paroquiais até 22 de abril de 1733. Tornou-se responsável pela construção da atual matriz,em estilo barroco,a Irmandade de Nossa Senhora da Conceição e do Santíssimo Sacramento,instituída,canonicamente,desde 1712. Os índios Carijós colaboraram no lançamento da fundação desta comunidade,o que lhes valeu,por muitos anos,o nome da Paróquia dos Carijós. Mas tarde se tornou célebre na história da Revolução Liberal de 1842,quando infligiu derrota às tropas legalistas,entrincheiradas nesta Matriz. Foi quando se deu um episódio emocionante. O valente Coronel Galvão,vendo cair na luta o seu filho Fortunato Nunes Galvão,apanhou-o,gravemente ferido,que apenas pôde dizer: "Meu pai,acuda ao fogo que estou morto". Com intrepidez,colocou-o nos braços do Dr.Melo Franco,dizendo: "Veja se pode salvá-lo;e,se morrer,tenho mais três filhos para sacrificá-los à causa da liberdade",consoante um relato do Cônego José Antônio Marinho. Ao lado da bravura cívica,constata-se o valor da fidelidade à Fé confirmada,já,por meus cinquenta e dois anos de vida pastoral,junto à comunidade. A história da Fé,aqui se faz mais rica e bela,através das gerações que passam. Duas forças - Religião e Pátria - Caldearam a fibra dos Lafaietenses,trazendo para este solo as indústrias que caracterizam a cidade do Manganês. A água potável,captada no Morro da Mina,borbulhou na praça da Matriz,há um século. No mesmo ano,de 1881,a caminho de Ouro Preto,hospedou-se Dom Pedro II na residência do Barão de Suaçuí,ao lado do centenário chafariz,na praça Barão de Queluz,em que se ergue a bela Matriz. Construída a partir de 1733 ¹,à margem da Estrada Real da comarca de Ouro Preto para Rio de Janeiro,na altura de vinte graus e quarenta e sete centigraus,numa área de sete léguas e meia do nascente para o poente,por quatro léguas transversais - por ordem imperial,neste altiplanos da Mantiqueira,nascia a cidade."

Notas: A fonte desses escritos,parte deles foram retirados do Livro inédito de Padre José Duarte de Souza,e que ele presenteou em 1978,o Monsenhor Moreira.
 ¹ Lembrando que a atual matriz foi construída a partir de 1733 e não 1709,e os índios Carijós não ajudou nessa construção. Os índios ajudaram na antiga capela de 1709,a qual não existe mais,e era em outro local.

 ² A rua Barão de Suaçuí na verdade chamava Rua dois barrancos,no passado. Nunca vi um documento antigo oficial com nome de "Rua Palmeiras". No passado existia ruas com nome de Bananeiras (que era o caminho para o Bairro Santa Matilde) e Pinheiros (atuais Benjamim Constant e Artur Bernardes). Acredito que confundiram os nomes da hora de escrever o texto.

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