quinta-feira, 26 de outubro de 2023

BAIRRO SANTA MATILDE -PARTE 4

  O Bairro Santa Matilde de Conselheiro Lafaiete é cheio de histórias,se fosse para mim contar a história do bairro gastaria inúmeras postagens.

 Quem não viu a parte do Bairro Santa Matilde Parte 1,2 e 3 (veja nos arquivos do blog,postagem de maio de 2018).

Vista do Bairro Santa Matilde década de 1970 em detalhe a Companhia Santa Matilde aos fundos ,e Br 040 no fundo à esquerda. E ao centro obras da Matriz Nossa Senhora da Conceição

foto: Autor não identificado.  Reprodução
 

 Hoje faz 107 anos que a extinta Companhia Santa Matilde iniciou suas atividades num dia 26 de outubro de 1916 (lembrando que essa Companhia havia sido registrada no cartório de Lafaiete em 13 de maio de 1913). 

 O Historiador Antônio Perdigão no Jornal Panorama de 1979 assim falou do Bairro :

" A história do bairro Santa Matilde está dividida em duas etapas:

Na primeira etapa o bairro recebeu o nome de Bananeiras, isto porque neste local ficava a Fazenda das Bananeiras, que pertencia ao Barão de Suassuí, que era dono de outras propriedades também. As terras da fazenda atingiam quase todo o vale e parte do morro do Alto dos Pinheiros. Com a morte do Barão a propriedade passou para o Capitão Antônio Furtado de Mendonça e depois de certo tempo, com a morte do Capitão, Maria José Furtado de Mendonça Amaral e seu esposo João Evangelista do Amaral herdaram a fazenda.

A segunda etapa iniciou-se na década de vinte com a expansão do bairro através das fábricas. Neste local foi instalada uma fábrica de laticínios – Companhia Santa Matilde de Laticínios – que produzia queijo, manteiga e outros produtos derivados. Essa Companhia, tempos depois, começou a produzir tijolos, esquadrias, forros, móveis, engenhos e arados, além de representar o cimento “Excelsior” na região. Nesse período começaram a surgir as primeiras casas de operários junto à antiga estrada “União Indústria”. Nesta década a Companhia ainda iniciou a exploração de minério e construiu uma estrada de ferro que ligava Bananeiras a Jurema, Cocoruto. A Estrada de Ferro Santa Matilde começou na pequena estação das Bananeiras, no Km 460.503. Os engenheiros Dr. Gespacher e Chapuís trabalharam na obra.

Em maio de 1926 o bairro recebeu a visita do presidente do Estado, Dr. Melo Vianna, que foi recebido pelo presidente da Companhia Dr. Pimentel Duarte. Nessa ocasião ocorreu a inauguração dos cursos “Arthur Bernardes” e “Melo Vianna”. Houve a participação da banda de música Santa Cecília, que tocou o Hino Nacional. O Presidente do Estado e da Companhia, juntamente com outros membros da comitiva foram visitar a mina de Jurema. Foi utilizado pelo Presidente do Estado um automóvel Ford, com pneus de metal adeptos aos trilhos da estrada de ferro e o restante da comitiva utilizou uma prancha. A viagem durou 45 minutos e foram percorridos 24 Km.

Em 1936 foi instalado no bairro um Posto de Monta do Exército, chamado pelo povo de “Remonta”. Neste local criavam-se cavalos de raça e ali havia instalações diversas. O departamento militar trouxe oficiais e diversos soldados que impulsionaram o local com a construção de uma das melhores quadras de voleibol da cidade e também melhores times. A chamada “Rua Nova” abrigava a residência dos oficiais e o alojamento dos diversos soldados. O primeiro armazém daquele local pertenceu ao Sr. Francisco Ribeiro e o primeiro bar ao Sr. Joanico. As primeiras residências do bairro pertenceram aos Srs. Antônio Aureliano, Benedito Camargo, Jaime Euzébio, Manoel Marques, José Ferreira da Costa, Izidoro e Anestor Augusto.

Havia no bairro uma antiga e bem cuidada capela que foi construída por José Apolinário Sobrinho, Lebenício dos Anjos e João Rosa de Almeida. A capela cujo padroeiro é São Vicente de Paulo contou com a contribuição do carpinteiro e marceneiro da Cia Santa Matilde, Anestor Augusto, que fez o altar e as talhas. Atualmente essa capela é zelada pela Irmandade de São Vicente de Paulo.

O desenvolvimento do bairro deu-se a diversos fatores, sendo um dos principais a expansão do trabalho com a fabricação em grande escala de vagões ferroviários e grande quantidade de operários. A seguir o bairro foi loteado com ruas e praças, o que favoreceu para que inúmeras famílias mudassem para lá. Desse modo o comércio cresceu e evitou-se que os moradores tivessem que ir ao centro para fazer compras. Uma das herdeiras da antiga Fazenda das Bananeiras, Izabel Furtado do Amaral, loteou uma grande área e transformou-a no progressista bairro Amaral, o que fez aumentar o número de habitantes nas proximidades do bairro Santa Matilde.

No local havia procissões que saiam da capela, com os andores cuidadosamente enfeitados por Sr. Sebastião da Silva. Então surgiu a ideia de se construir uma igreja maior no local. O então Cônego Moreira procurou o bispo Dom Oscar, que veio ao local e deu a licença para a construção, tendo o padre Cornélio escolhido o nome de Bom Pastor para a nova matriz e paróquia. A área da capela era pequena, assim o Sr. Anestor Augusto doou um lote para aumentar a área e dessa forma o problema foi resolvido. O mestre da obra foi o Sr. Antônio Ferreira Alves Filho e a imagem do Bom Pastor foi doada pela família de Anestor Augusto, que adquiriu-a em São Paulo e ficou guardada por muito tempo no lugar em que foi batizado, na igreja de Buarque de Macedo.

Hoje o bairro Santa Matilde possui o Colégio Luiz de Melo Viana, três campos de futebol, a Sociedade Musical Santa Matilde e vários comércios. Duas linhas de ônibus servem o bairro e o poder municipal empenha-se em melhorias para o bairro. A origem do nome se deve à Companhia Santa Matilde que há mais de meio século opera no bairro com sua grande indústria."

 Jornal Panorama, Ano II, nº 63- Agosto de 1979

 Fonte: http://bibliotecalafaiete.blogspot.com/p/ruas-pracas-e-avenidas-da-cidade.html

 Jornal Panorama, Ano II, nº 63- Agosto de 1979

SANTA MATILDE  APÓS 1979 


Vista panorâmica do Bairro Santa Matilde,ano de 2014      foto:autor da postagem

 

 Infelizmente a Companhia Santa Matilde encerrou suas atividades na Década de 1980,hoje o Bairro tem diversos tipos de comércios ,novos prédios e um bairro bom para morar.

 Em 2022 o morador do bairro , escritor e poeta Osmir Camilo Gomes,lançou o livro "Santa Matilde - Vila Quase Cidade " da editora Lesma. Que é um livro que eu aconselho a ler para saber mais sobre esse gigante Bairro Santa Matilde.

PARA SABER MAIS BAIRRO SANTA MATILDE 

Acesse ao Arquivo do Blog: Maio de 2018 - Bairro Santa Matilde parte 1,2 e 3, Paróquia do Bom Pastor (maio de 2017 e maio de 2019) ,Capela Vicentina da Santa Matilde (setembro de 2017).

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

AVENIDA FURTADO

  Hoje vamos falar sobre a Avenida  Furtado,Bairro São Sebastião da cidade de Conselheiro Lafaiete.

Avenida Furtado anos de 1980 e abaixo 2012

foto:Arquivo Tarcísio Souza,facebook Realmente Amigos de Lafaiete
 

 É uma importante via que liga os bairros São Sebastião e Carijós ,com saída para a BR 040.

 Assim escreveu Antônio Perdigão para o Jornal Panorama de 1979 ao falar dessa avenida:

" Em 1883, quando chegaram os trilhos da Estrada de Ferro D. Pedro II, começou a surgir o pequeno Bairro de Lafayette, que é hoje a parte baixa da cidade. Inicialmente este bairro era composto pelas ruas Marechal Floriano, Dr. Campolina, Wenceslau Braz, Várzea de São Sebastião, Olaria e Areal.

Tempos depois surgiu um caminho que completava toda a área plana do local, que ligava a chácara do Sr. João Lopes Franco ao centro populoso e comercial. Até meados de 1900 havia poucas casas na Avenida Furtado. O desenvolvimento veio através do Clube Prado Carijós e a prática esportiva da primeira corrida de cavalos ali realizada. O jornal “Gazeta de Queluz”, de 02/09/1909 destacou a organização da corrida pelo clube.

O Clube Prado Carijós ainda não tinha suas obras totalmente construídas quando sua diretoria resolveu inaugurá-lo em 29/08 com a corrida de cavalos. No horário marcado estavam ali enorme número de concorrentes e nas arquibancadas grande número de famílias da sociedade, todos animados em assistir este gênero de esporte. Este evento foi realizado pela diretoria do clube, especialmente pelo Sr. Capitão Pacífico Vieira e Ernesto Pinheiro, que não mediram esforços e tiveram os êxitos alcançados.

Desta época em diante a região ficou conhecida por Bairro do Prado. Foram surgindo novas casas, com a parte baixa da cidade em grande desenvolvimento.  No local onde teve as corridas a Câmara Municipal projetou a Avenida Furtado e em 1915 o Grupo Espírita Paz construiu ali sua sede. Surgiram belas residências e dinâmico comércio, de forma que a avenida funcionava ligando o Centro ao Bairro Carijós. Nesta avenida a Loja Maçônica Estrela de Queluz construiu seu majestoso edifício/sede; outras entidades como a Escola Estadual Manoel Lino funcionaram ali também. "

Fonte: Jornal Panorama, Ano I, nº 49- Maio de 1979

 http://bibliotecalafaiete.blogspot.com/p/ruas-pracas-e-avenidas-da-cidade.html

AVENIDA FURTADO APÓS 1979

Avenida Furtado em 2020          foto:imagens da internet
 

   Hoje é uma avenida asfaltada que tem variados tipos de comércios. Além de ser sede de uma Loja Maçonaria de Queluz e também do Grupo Espírita Paz. 

  Praça JK (na entrada da Avenida confluência com a Travessa Rio Branco) surgiu na década de 1950,busto foi colocado ali após Juscelino Kubitschek ser eleito presidente do Brasil em 1956 e sendo que nessa praça ele em 1955 fez campanha eleitoral nesse exato local,e aṕos tudo isso a administração municipal e a população fizeram essa homenagem ao ex presidente do Brasil. A praça  foi restaurada em 2 de outubro de 1989. (comemorativo aos 90 anos da loja Maçônica)

 Grupo Espírita Paz foi fundado em 31 de março de 1906 ,mas desde 1915 tem sede na avenida.

 A Loja Maçônica Estrela de Queluz foi fundada em 13 de junho de 1899 ,e tem prédio na Avenida em estilo moderno desde 1958. 

 O Grupo Escolar Manoel Pinto foi criado em 1955 e encerrou suas atividades a muito tempo.

   Em 2016 o senhor  Reuber Lana Antoniazzi lançou o livro " Avenida Furtado - No tempo do brilho dos paralelepípedos. "  (algumas informações acima estão nesse livro,é um grande livro que aconselho a ler). 

 

PARA SABER MAIS

 Veja nos arquivos do Blog a postagem : São Sebastião de Lafayette (postagem de janeiro de 2017,sobre a igreja) e Bairro São Sebastião (janeiro de 2018).

sábado, 7 de outubro de 2023

BAIRRO ROSÁRIO - PARTE 2

  Hoje vamos falar sobre o Bairro Rosário em Conselheiro Lafaiete.

  Em outubro de 2018 a parte 1 falei desse bairro e agora nessa parte 2 vou lembrar um texto antigo escrito pelo historiador Antônio Perdigão em 1979. E curiosamente o  Museu Antônio Perdigão começou a funcionar nesse bairro Rosário em 1976 sabiam dessa ? 


 

Confluência das ruas Barão de Coromandel e Amaro Ribeiro no Bairro Rosário em 9/10/2018                            foto:autor dessa postagem

 

foto por volta de 1940,ao centro dessa foto vemos o Bairro Rosário

foto:Arquivo Nacional,Jornal Correio da Manhã,sem data.  

 Representação do Bairro Rosário na década de 1920 ,não consegui ainda descobrir o autor desse desenho.

foto:Mauro Dutra de Faria

 

No jornal Panorama de 1979 assim escreveu Antônio Perdigão sobre esse bairro: 

 "O bairro Rosário surgiu quando já havia a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição e as Capelas de Santo Antônio e do Carmo. A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário foi fundada com o intuito de se construir uma Capela em louvor a esta santa. No alto do morro foi levantado um cruzeiro de madeira, com dia de festa, inclusive com missa. O Cruzeiro ficou lá por longo tempo, porém a capela nunca foi construída.

O bairro tinha característica bucólica, era residencial, com ruas calmas e vizinhos camaradas; ligava o centro comercial ao bairro Fonte Grande. O local onde foi colocado o Cruzeiro passou a se chamar Alto Capenga, devido ao apelido de um velho morador dali. Aí havia uma casa velha com várias portas e janelas na frente e um quintal arborizado, onde as crianças se divertiam.

Por volta de 1917 residia na rua Assis Andrade um dos diretores da Sociedade Musical Santa Cecília, de forma que os ensaios da banda eram realizados ali por diversas vezes. Uma das mais antigas fábricas de violas ficava no bairro Rosário. A fábrica pertencia a José de Souza Salgado, cujas violas eram famosas não só no estado de Minas Gerais, mas em outros também. Os irmãos Salgado, João e Eduardo, mantiveram a fábrica em atividade no bairro por longos anos.

Residia neste bairro o Dr. Antônio Cândido de Assis Andrade, famoso médico e um dos fundadores da Santa Casa de Misericórdia, atual Hospital Queluz. No local onde funciona a Câmara Municipal, funcionou por muito tempo a sede do Posto de Higiene da cidade. Também já houve neste bairro, na década de 20, um dos melhores campos de futebol. No subsolo deste bairro nasce a água que abasteceu por mais de um século a conhecida Fonte Grande, gerando ainda uma nascente de água límpida e fresca, que corria numa bica na Rua Melo Viana.

Inicialmente a Rua Assis Andrade era conhecida como Rua do Rosário, pois era a única que lá havia, de forma que, as outras atuais ruas, na época, eram bem pequenas em becos estreitos. A rua Nogueira Coelho, conhecida antigamente como Beco das Escadinhas, ligava a rua Afonso Pena ao Alto do Capenga.

Atualmente o bairro continua sendo residencial e seu comércio é formado por pequenas casas comerciais, bares e quitandas. Neste bairro já existiu a sede da redação do jornal Correio da Semana, cujo último diretor, Wilton Andrade Souza, montou oficinas na rua Assis Andrade. Em 1979, outro jornal, O Alerta, é editado na mesma rua.

No velho sobrado que faz esquina da rua Assis Andrade com a Horácio de Queiroz, residia o Sr. José Teixeira de Araújo, dentista, e que foi diversas vezes delegado de polícia da cidade, cujo filho Murilo, caiu da torre da Igreja Matriz na década de 30.

O bairro atual teve as ruas calçadas, de forma que, desapareceram os antigos becos e vielas. Assis Andrade, Barão de Coromandel, João Pessoa, Pimentel Salgado, Delfo Biagioni, Souza Salgado e Aprígio Andrade são algumas das ruas acolhedoras do bairro. Também na rua Assis Andrade, foi instalado no nº 230, em 1976, a Biblioteca Antônio Perdigão – Museu e Arquivo da Cidade, onde ficou até janeiro de 1979."

Jornal Panorama, Ano II, nº 54- Junho de 1979

CURIOSIDADES

 Perdigão falou sobre a morte de Murilo ocorrida em 1929 (para saber mais vai nas postagens de maio de 2017 e maio de 2019 que falam sobre esse assunto) .

 Após essa reportagem de 1979,em 2 de janeiro de 1980 tivemos a inauguração da Câmara Municipal de Conselheiro Lafaiete,na rua Assis Andrade n° 540  (para saber mais veja postagem sobre a Câmara de maio de 2017 nos arquivos desse blog está em 3 partes). 

Violas de Queluz (veja postagem de março de 2017)

Vista parcial do bairro Rosário sem data (provavelmente na década de 1930)

Bairro Rosário vista parcial foto de 1957

foto:Facebook Realmente Amigos de Lafaiete
 

foto:original autor desconhecido,cópia de Mauro Dutra de Faria


Fontes:

 Jornal Panorama, Ano II, nº 54- Junho de 1979

  http://bibliotecalafaiete.blogspot.com/p/ruas-pracas-e-avenidas-da-cidade.html

Para Saber Mais

 Veja Bairro Rosário de Lafaiete (Parte 1) postagem de outubro de 2018;  Centenário de Antônio Perdigão (postagem de novembro de 2018) e Rosário em Lafaiete (outubro de 2016)